sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Especial Nelson Mandela: líder da África do Sul dedicou a vida à libertação de seu povo


A morte de Nelson Mandela aos 95 anos era a má notícia que os sul-africanos já esperavam, desde que a saúde do ex-presidente começou a se debilitar. Ontem, em casa, ao lado de familiares, um dos maiores heróis da luta dos negros pela igualdade de direitos no país, saiu de cena, mas o legado de Madiba - como era conhecido na África do Sul - ficará gravado na história e na vida dos sul-africanos.
Mandela mudou a trajetória do país ao conseguir colocar fim ao regime racista do apartheid, vigente entre 1948 a 1993. O preço para isso foi alto. Mandela passou longos 27 anos na cadeia, condenado por atos de sabotagem. De ativista, sabotador e guerrilheiro, Mandela converteu-se em Prêmio Nobel da Paz e em um dos maiores estadistas do século XX.

A despedida do líder começou a ficar mais evidente esse ano. Mandela ficou internado de junho a setembro devido a uma infecção pulmonar. Ele deixou o hospital e estava em casa em Pretória. Foram quatro internações desde dezembro. Em abril, as últimas imagens divulgadas do ex-presidente mostraram bastante fragilidade – ele foi visto sentado em uma cadeira, com um cobertor sobre as pernas. Seu rosto já não carregava aquele belo sorriso e nem expressava emoção. 
Salvador No dia 3 de agosto de 1991, Salvador estava em festa. Faixas e cartazes saudavam a visita ilustre do líder sul-africano. Ele veio acompanhado da mulher Winnie e mais cinco membros do Congresso Nacional Africano (CNA). Foi a primeira e última visita dele à capital baiana. 
Com então 73 anos, Mandela foi recepcionado por um grupo de capoeiristas e músicos da banda mirim do Olodum. Na saída, havia centenas de pessoas que partiram em caravana de bairros como Liberdade, São Caetano, Federação e Pau da Lima. 
A visita foi rápida: durou apenas oito horas. Mas o tempo foi suficiente para Mandela encantar os baianos. “Viemos abrir nossos pensamentos e colaborar com nossa modesta experiência”, disse ao desembarcar. Mandela fez um discurso focado no combate ao racismo. “Pela nossa experiência amarga, o racismo não morre voluntariamente. O racismo não pode passar por uma plástica para ser mais aceitável. Racismo é racismo qualquer que seja o nome da máscara que vestir”.
Durante a visita, Mandela recebeu a Medalha Libertadores da Humanidade e o título de Cidadão Benemérito de Salvador. A praça em frente ao Plano Inclinado da Liberdade foi batizada com o nome do  líder sul-africano. Antes de participar de um showmício na Praça Castro Alves, Mandela encontrou com o então governador Antonio Carlos Magalhães. 

O mito  

A história do líder começou em 1918, na tribo Tembu, em Qunu, na África do Sul. O menino Rolihlahla Mandela, que perdeu o pai cedo e foi educado pelo sábio Tatu Joyi, virou líder da tribo Transkei e enfeitava o peito nu com miçangas da realeza tribal. Ele foi o primeiro membro da família a frequentar uma escola. Foi lá que ganhou o nome de Nelson, já que na época era costumeiro dar nomes em inglês para as crianças que estudavam. 
Mandela dedicou a vida à libertação do seu povo, começando pela militância num partido negro e pela adesão à luta armada. Na prisão, entrou com 44 anos e saiu com 72, para ser consagrado como o primeiro presidente negro da história da África do Sul em 1994. 
Depois de quase cinco décadas isolados em guetos e vivendo sob um regime bárbaro de segregação racial, muitos previam que os negros iriam armar-se para a revanche contra a minoria branca, provocando um banho de sangue no país. Mas Mandela deixou a prisão, não como anjo vingador, mas para funcionar como um pacificador da nação. 
O então presidente eleitosentou-se à mesa de negociações com Frederik De Klerk, último líder do Apartheid, e conseguiu o feito memorável de capitanear uma transição pacífica do regime racista para a democracia. Em 1993, Mandela e Klerk foram premiados em conjunto com o Nobel da Paz, pelos esforços em estabilizar a África do Sul. 
Nos anos 50, Mandela, um advogado ativo e carismático que militava no partido do Congresso Nacional Africano, atiçava as massas negras contra o Apartheid com uma campanha de desobediência civil. Nos anos 60, depois do massacre de Sharpeville, no qual a polícia matou 69 negros, Mandela resolveu fundar a Lança da Nação, um grupo guerrilheiro, para derrubar o apartheid.  Dois anos depois, Mandela foi preso, condenado à prisão perpétua com mais sete pessoas em Robben Island.  
Quando deixou a cadeia, após sanções da comunidade mundial ao racismo no país, o prisioneiro 466 saiu como um líder conciliador e sem ódio. Do outro lado do balcão, encontrou os líderes brancos com uma disposição à negociação que nunca se vira antes.  Ao aceitar o prêmio, Mandela diz: “Faremos o possível para contribuir com a renovação do nosso mundo”. A minoria branca já não estava disposta a seguir os preceitos de Hendrik Verwoerd, ideólogo do Apartheid dos anos 40. Após o fim da carreira política, em 2004, Mandela voltou-se para a causa de diversas organizações sociais e de direitos humanos.
Em 2009, as Nações Unidas declararam o dia 18 de julho como o Dia Internacional de Mandela, em que organizações e indivíduos são encorajados a tomar parte em ações humanitárias.
fonte: CORREIO 24 H

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